A pandemia da Covid-19 está a mudar o mercado laboral na Europa. O teletrabalho tornou-se uma realidade para cerca de 4 em cada 10 pessoas nos países da União Europeia.
O novo mundo do trabalho à distância veio acelerar a adoção do teletrabalho e favorecer provavelmente um futuro modelo híbrido com mais flexibilidade e mobilidade dos colaboradores. Esta mudança fez com que milhares de empresas nacionais fossem obrigadas a adaptar os negócios do escritório da empresa para o escritório de casa.
Até muito recentemente, a maioria das empresas não via qualquer vantagem no teletrabalho. Não era bem conceituado pelas entidades empresariais pois consideravam que deixavam de ter controlo sobre o desempenho do trabalhador e sobre a execução do trabalho.
No entanto, com as quarentenas obrigatórias e o distanciamento social, o teletrabalho está a provar que pode funcionar com qualidade e ainda gerar melhorias de produtividade.
O trabalho remoto exige aos trabalhadores uma extraordinária capacidade de adaptação, resiliência, motivação e, se possível, inovação. O teletrabalho em si pode ser bom em algumas circunstâncias, mas também pode trazer outros riscos, que, muitas vezes, podem não ser visíveis.
É preciso existir uma comunicação muito transparente e constante para que todos possam ser eficientes.
Os gestores depararam-se com algumas dificuldades no processo de transição como os níveis de produtividade ou a garantia de segurança no acesso remoto aos dados e sistemas internos.
Mas há uma outra característica fundamental para evoluir na era digital: a comunicação. A dinâmica social entre colegas, que potencia a criatividade e a resolução de problemas; a criatividade; as sessões de brainstorming e as conversas não planeadas, que originam, muitas vezes, novas ideias, têm sido das maiores dificuldades.
É por isso que é preciso existir uma comunicação muito transparente e constante para que todos possam ser eficientes.
Mais de um milhão trabalhou em casa durante o segundo trimestre de 2020
O recurso ao teletrabalho foi generalizado com o surgimento da pandemia da Covid-19 e os especialistas preveem que venha a ser mais utilizado no futuro. Apesar de tudo urge encontrar o equilíbrio entre as vantagens e as desvantagens do trabalho à distância e a conciliação entre trabalho e família.

O risco de invasão do tempo pelo trabalho faz do teletrabalho um fenómeno que pode acabar por misturar os dois planos da vida das pessoas e praticamente tornar ilimitada a jornada de trabalho.
Em Portugal, mais de um milhão de trabalhadores trabalharam a partir de casa durante o segundo trimestre de 2020. Foi quase um quarto da população empregada, de acordo com dados do INE. Destas, 998,5 mil pessoas (91,2%) indicaram que a razão principal para ter trabalhado em casa se deveu à pandemia Covid-19.
Comparando as horas trabalhadas na semana de referência, não há grande diferença entre trabalhar em casa ou fora de casa. Efetivamente, quem não esteve ausente e trabalhou fora de casa trabalhou em média 36 horas nessa semana e quem não esteve ausente e trabalhou a partir de casa trabalhou 35 horas.
O caminho rumo ao futuro já foi iniciado e provou-se que há um conjunto muito amplo de atividades que podem ser realizadas pelos trabalhadores à distância. Um futuro cheio de possibilidades boas para o país e para as pessoas. Cabe às organizações e às empresas adaptarem-se.
Por ser uma situação muito recente, é ainda prematuro e impossível medir o impacto da Covid-19 no mercado de trabalho. No entanto, é provável que as taxas de teletrabalho em Portugal e na Europa, bem como as relações empregador/empregado, sejam alteradas para sempre.
Imagem cabeçalho Chris Montgomery de Unsplash